Quando dançavas,Buscavas nas linhas do movimento
O ritmo das palavras mais belas, a música
Articulada pelos sons, mais puros Nas palavras que acendem no teu corpo
A infância em brados a dançar
Rumo ao rochedo da praia de verão, maõs dadas
Na brisa, ondas agitadas molhadas aos pés.E as mãos salgadas
Dadas cruzadas a abandonarem as estradas
Planas, a acompanharem as ondas Mais demoradas a lembrarem
Oceano para além da baía da infância
Dançavas sempre com tuas vestes acompanhadas
Do fogo do fundo do carvão, oliveira azinho em brasas
Vestes da força das árvores, incendiadas na calma
Do amor agitado…
Foste embora o que será mais cantar sem fogueira
Aquecendo o caloroso vigor da dança Das brasas a parecerem agora
Cinzas arrefecidas, quando partiste de nós
Dançavas ainda vacilante Precisavas de tantas roupagens
Que as formas do teu corpo, apareciam,Esquecidas nas largas calças
Longas túnicas tecidas alinhadas.Nos dedos enternecidos em gestos contidos
Pelos dilemas escondidos.Conflitos antigos obscuros
No teu meigo sobressalto.Solitário na dança, vacilante sempre
O teu corpo escondido do medo antigo
Esquecido dos teus olhos.Que recortavam as formas recônditas
Do teu corpo preenchido
Maria do Rosário Carvalhal